DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MORTO* Estás morto na tarde sob véus de cera e velas sob tua própria sombra. Estás morto na noite com teus sonhos e caminhos sob paredes de alfombra. Estás morto no leito com tuas pedras e cristais sob séculos de insônia. Estás como tudo que é inerte já não cantas nem refletes a vida em que te agarraste. Estás na envergadura das hastes fuga de sons e relâmpagos nada mais claro que a face que tens curva sobre os ombros nada mais oco que o prisma sobre o qual inerte abismas. Estás morto na tarde no súbito riso que velas mais morto te enovelas em torno da solidão. Do que houvera de arreios posto sobre tua loucura transformaram em veias para te mascarar a amargura. Estás morto no dia como o que na extensão se anula e é óbvio, ainda giras, no vazio que em ti perdura. |
*Poema de Edivaldo de Jesus Teixeira, do livro "O homem deserto sob o sol" (no prelo).
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